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Artigo: como Loki escancara a fórmula Marvel

Marvel responde um dos maiores mistérios de Loki na série de TV
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Se você é um geek antenado, deve saber que hoje (09/06) estreou a série Loki, do streaming Disney+. E se você não sabia, agora sabe. E o primeiro episódio cumpriu muito bem o papel de introduzir o personagem na sua série solo – até aqui nada de novidade. E nos 51 minutos de episódio algumas coisas me tiraram a atenção da obra em si e me levaram para um universo paralelo, um ambiente cinzento onde eu não via mais um episódio de uma série de streaming, mas uma produção instrumentalizada para fisgar o espectador.

Como WandaVision e Falcão e Soldado Invernal, Loki é mais uma produção que visa aproveitar o universo expandido da Marvel e, sem sombra de dúvidas, é uma produção de muita qualidade, padrão Disney de qualidade. Em WandaVision, ficamos cerca de 7 dos 9 episódios teorizando quem era o vilão e como a história se ligaria com Vingadores Ultimato (2019). E a vilã, Agatha Harkness (Kathryn Hahn), acabou decepcionando os teorizadores de plantão, assim como algumas outras conclusões da minissérie. E como a minissérie tinha um proposta de abordar a personagem de maneira mais descontraída, fora dos padrões esperados para séries de heróis, toda e qualquer decepção pode ser entendida como falta de compreensão por parte do público (mesmo o público não sendo culpado por isso). 

Já em Falcão, ficamos especulando quando Sam (Anthony Mackie) se tornaria o Capitão América. E aqui as coisas já vão caminhando para essa zona cinzenta que eu mencionei acima. Antes mesmo da série ser lançada, a campanha de marketing já havia frisado que a série estava cheia de easter eggs, as famosas referências. Isso não é um problema, mas ver a propaganda focar na experiência do espectador, abrindo mão da própria série, dos heróis e da narrativa, é de causar reflexão. E foi assim. Falcão ostentou referências, abriu espaços para teorias e até gerou indignação quando apresentou oficialmente o Capitão América Sam (e olha que ficar indignado por isso não fez o menor sentido).

Ambas as séries citadas aqui foram excelentes na execução. Os efeitos digitais de WandaVision e as cenas de ação de Falcão deixam muita produção hollywoodiana no chinelo. E nessas produções, a fórmula Marvel era algo discreto, não apelativo como em Loki.

Nos primeiros minutos de Loki, somos levados para os eventos de Ultimato, fazendo aquele fan-service bacana (até aqui nada demais, já que a cena é fundamental para a narrativa), mas na sequência somos apresentados a diversas cenas que parecem cumprir apenas um propósito: tornar a série uma experiência. Os 51 minutos do episódio são cheios de momentos que fazem do espectador parte da série, com cenas que isoladas servem de engajamento nas redes sociais e que farão o espectador reassistir e depois reproduzir na sua rede (destaque para o twitter), por exemplo a cena das joias do infinito, da morte da mãe do Loki, ou o diálogo com o agente Mobius (Owen Wilson). E junto às cenas mais sérias, temos diversas cenas cômicas que cumprem esse propósito, como a cena do peixe, a da senha para o atendimento, Loki tentando usar o poder e por aí vai. São cenas que poder ser reproduzidas isoladas que geram engajamento nas redes sociais e despertam o interesse para a série.

Isso tudo é somado ao padrão Marvel: qualquer coisa cheia de referência. Loki não é diferente. Em um primeiro episódio somos levados a pesquisar a AVT, Mephisto (de novo), August Ferdinand Möbius e D.B. Cooper, por exemplo. E esse tipo de estratégia é característica da Marvel (mas não exclusivo), tornando a série, não só uma experiência passiva entre “tela” e espectador, mas, uma experiência ativa entre “tela” e espectador, onde a internet é o intermediário dessa interação.

E, se assim como eu, você acessou suas redes sociais hoje, provavelmente você se deparou com posts do tipo “curiosidades de Loki” ou “teorias da série Loki” ou “todas as referências que você perdeu em Loki”, e por aí vai. E essa é a zona cinzenta que Loki joga o espectador, sendo uma série difícil de assistir, só pelo prazer de se sentar diante de uma tela e consumir uma obra audiovisual e depois voltar para sua vida. 

De todo modo, a série mantém a qualidade Disney e o padrão Marvel, mas dessa vez de forma escancarada. Recomendo você, caro leitor ou leitora, a assistir algumas cenas isoladas da série (que devem estar circulando pela timeline da sua rede social favorita) antes de assistir ao episódio, tenho certeza que sentirá que o ep. é uma colcha de retalhos de posts de rede social – muito bem construída, diga-se de passagem – com cenas que se vistas isoladas, dificilmente, perderão o contexto ou o propósito.

Loki é uma série semanal, então não há como saber se seguirá esse modelo Marvel de entretenimento, ou se isso foi só no primeiro episódio. Loki está disponível no Disney+. 

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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