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Crítica: Batem à Porta ★★☆☆☆ (2023)

(Reprodução)

O novo longa de M. Nigh Shyamalan chegou ao cinema recentemente, gerando certa expectativa do público, principalmente após Tempo (2021), que deixou a crítica e o público divididos, alcançando uma nota mediana. A premissa de Batem à Porta é trazer uma narrativa misteriosa e envolvente, recheada de eventos inexplicáveis.

Embora as características marcantes de Shyamalan estejam presentes, o longa é enfadonho, com poucos momentos interessantes e diversos outros entediantes. A mensagem misteriosa que o filme tenta elaborar acaba se tornando uma ideia alarmista, com um forte teor religioso, que nos faz questionar o motivo daquilo estar associado ao nome do diretor.

Batem à Porta até que conseguiu me intrigar com sua premissa, mas isso logo se desfez após alguns minutos assistindo ao filme. Um casal homoafetivo com uma criança são encurralados em uma cabana afastada por um grupo de pessoas que afirmam estar ali para que a família decida se a humanidade deverá ou não viver. A mensagem apocalíptica até que pode ser interessante, mas conforme a trama avança, o teor religioso começa a criar forma, fazendo com que cada diálogo se torne uma tortura infame. A forma como a trama é conduzida tem os méritos da direção de Shyamalan, porém, a narrativa desesperadamente religiosa afasta qualquer tipo de tentativa de afeto com o filme.

O discurso do filme acaba se tornando esdrúxulo e sem sentido, deixando uma sensação de vazio imenso após o fim. Confesso que sai da sala de cinema sem saber o que achei do filme, completamente perplexo pelo baixíssimo nível de qualidade do longa.

Por mais que o nível da narrativa seja baixo, o trabalho do elenco é hercúleo ao tentar manter a bomba sem estourar. As escolhas de elenco são interessantes, funcionam bem, porém, não conseguem carregar o filme. É difícil ver os personagens interagindo, nada faz sentido, do começo ao fim. Dave Bautista tem uma boa presença no longa, com um personagem que até poderia ser interessante, mas acaba não dando certo. O personagem de Rupert Grint é inexplicavelmente desconexo, sua participação no filme é no mínimo questionável, sem nenhum impacto. Jonathan Groff até que consegue transpor um pouco das emoções que o momento lhe exigiu, mas acaba caíndo em um mar de tédio com seu personagem totalmente caricato e esquecível.

Por mais que haja um esforço do elenco em manter a narrativa nos trilhos, a fraquíssima história de fundo não colabora em nenhum momento, como se fosse um teste para ver se o público iria resistir ao lado dos personagens antes de sucumbir à monotonia. Porém, a parte técnica do filme é muito bem trabalhada. A câmera de Shyamalan consegue criar uma sensação de tensão bem legítima. Os ângulos das cenas e a maneira como elas são conduzidas proporcionam alguns bons momentos. O filme explora bem o ambiente, nos deixando ao mesmo tempo que aflitos, também curiosos com o entorno em que se passa a história. Levando em consideração o fato de que o filme todo se passa em uma cabana, é admirável o que Shyamalan consegue extrair dessa limitação para deixar nossa mente intrigada.

Enfim, Batem à Porta é um longa completamente esquecível, e deve ser mesmo, pois Shyamalan não merece ser lembrado por ele. A trama do filme é completamente enfadonha, com um apelo religioso pra lá de descabido, sem nenhuma necessidade de existir. Os personagens são ocos, sem carisma, e por mais que o elenco tenha tentado conquistar nossa atenção, as tentativas são frustadas pela história delirante. O único ponto que torna o filme suportável é a maneira como Shyamalan conduz a parte técnica, utilizando dos elementos que o consagraram na direção. Pagar para ver este filme no cinema é um erro e tanto, mas só pude saber disso quando subiram os créditos, portanto, se você está pensando em ver esse filme, pense bem, pois não vale o seu tempo, nem seu suado dinheirinho.

Batem à Porta está em cartaz nos cinemas brasileiros.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura geek. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Fã de ficção científica. Professor de História e fundador do GS.

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