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Crítica | “Desespero Profundo”: sobrevivência no limiar do oceano

Desespero Profundo acerta no suspense mas erra com personagens caricatos e chatos.
(Reprodução)

Em “Desespero Profundo”, somos apresentados a um cenário de sobrevivência extrema que combina tensão psicológica com o medo tangível do desconhecido. Dirigido por Claudio Fäh e roteirizado por Andy Mayson, este filme é um mergulho nas profundezas, não só do Oceano Pacífico, mas também da mente humana.

A premissa é envolvente: um grupo de desconhecidos se encontra preso numa situação de vida ou morte após seu avião cair no oceano. A sobrevivência em uma bolsa de ar precária, com o oxigênio diminuindo a cada respiração e a presença ameaçadora de fissuras no casco do avião, estabelece um cenário claustrofóbico. A tensão é palpável, os personagens são forçados a confrontar não apenas os perigos físicos que os cercam, mas também seus próprios medos internos e dinâmicas sociais complexas.

O elenco, liderado por Sophie McIntosh, Phyllis Logan e Colm Meaney, entrega atuações que variam em intensidade, com personagens um tanto caricatos e sem nenhum carisma. A ideia de diversidade de personagens para explorar várias facetas da experiência humana sob pressão, funciona até certo ponto, mas em alguns momentos, as atuações e o desenvolvimento de personagem parecem desiguais.

Visualmente, o filme tem uma conquista. A cinematografia capta tanto a beleza temível do oceano aberto quanto o confinamento opressor da bolsa de ar de uma maneira que amplifica a tensão. A direção de Fäh é competente, mantendo o ritmo acelerado e garantindo que o suspense permaneça constante ao longo da trama.

 

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Desespero Profundo, desespera mais que do que traz profundidade

No entanto, a crítica principal reside na execução da sua história. Embora a premissa seja intrigante e o cenário tenso, o roteiro de Mayson, por vezes, tropeça em clichês do gênero e falha em explorar plenamente o potencial psicológico da situação. Isso pode deixar os espectadores desejando uma profundidade emocional e temática maior, um contraste com a profundidade física literal em que os personagens se encontram.

“Desespero Profundo” se encontra em um limbo curioso: é habilmente feito o suficiente para manter a atenção e criar momentos de ansiedade genuína, mas deixa a sensação de que poderia ter mergulhado mais fundo. Vale a pena assistir pela experiência de sobrevivência tensa e pela reflexão sobre a natureza humana diante do desespero absoluto, mesmo que o filme possa não emergir como um clássico memorável do gênero de suspense.

Em resumo, “Desespero Profundo” é uma adição competente ao gênero de suspense de sobrevivência, embora não esteja isento de falhas. Seu apelo reside na capacidade de evocar um medo primal da água e do desconhecido, mesmo que falte em originalidade e profundidade emocional.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura geek. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Fã de ficção científica. Professor de História e fundador do GS.

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