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Crítica: Pranto Maldito ★★☆☆☆ (2021)

(Reprodução)

Na tentativa de reavivar o casamento abalado por uma tragédia, um casal com seus dois filhos vão para uma cabana no meio da floresta para tirar uns dias e tentar reforçar seus laços familiares, entretanto, o que parecia um simples passeio em família pode se tornar um pesadelo sombrio mais rápido do que se pode imaginar. O longa de terror colombiano, Pranto Maldito, segue diversas fórmulas do gênero para contar sua, já manjada, história de terror. A novidade do filme está em conceber a obra sobre uma perspectiva diferente, singular de cada nacionalidade.

A história do filme não é de forma alguma inovadora, muito pelo contrário, já foi até contada em outras produções. O longa se inspira na lenda da Chorona, que também já foi adaptada por James Wan no longa A Maldição da Chorona. Essa lenda fala de uma mãe que perde seu filho e passa a assombrar pessoas e vilareijos com seu choro perturbador.

Sem grandes inovações no roteiro, podemos já manter um pé atrás com essa produção, que não se dá ao trabalho nem de resignificar os clichês e os apresentar de formas diferentes, apenas jogando tudo na tela de forma mais fácil possível. Não espere diálogos interessantes, tensões imersivas ou então um bom desenvolvimento de personagens, tudo é construído de forma preguiçosa e vazia. O roteiro comete vários deslizes e não cumpre bem a função de amarrar a trama, deixando vários furos que não fazem o menor sentido. Mas não podemos dizer isso do ritmo do filme, que soube se manter bem, sem grandes entraves. 

Ao se propor a recontar uma narrativa que já foi explorada antes em outras produções, é normal que se espere ao menos algum diferencial, que poderia estar no fato de ser uma obra colombiana. O que nos faz pensar que poderíamos contemplar uma versão diferenciada da lenda, sob uma perspectiva única. Mas sinto dizer que se você esperar por isso, irá se decepcionar com os clichês enfadonhos e preguiçosos. Sem contar que o gênero de terror já vem sofrendo com as repetições, temos mais uma obra que não foge disso.

As atuações são mecânicas e sem vida, dando a parecer que são forçadas, ou até que foram feitas de qualquer jeito, só para cumprir a meta de finalização do filme. Porém isso não fica evidente logo de cara, mas a partir da metade do filme em diante, que é quando o roteiro começa a se perder dentro da própria ideia que tentou contruir. No elenco temos Andrés Londoño (Fear The Walking Dead) e Paula Castaño (Jack Ryan) interpretando o casal Óscar e Sara. A dupla de atores não tem química e são bem artificiais em seus diálogos mais tensos, o que corta completamente o clima que o longa tenta construir. Mas nem tudo é horrível, a atuação de Paula é um pouco mais plausível e traz uns elementos interessantes, conseguindo transpor bem os sinais da loucura que vão tomando conta da família a mediada que o tempo passa. É possível ver o sofrimento da personagem e como o trauma de seu passo afeta sua vida no presente. Mas nada disso é bem desenvolvido, fazendo cair por terra qualquer chance de nos aproximarmos da personagem.

A direção do longa é comandada por Andrés Beltrán. Já quem assina o roteiro é Anton Goenechea. Os dois já são nomes conhecidos nas produções da Netflix como Distrito Selvagem e Fronteira Verde. Em Pranto Maldito a dupla consegue entregar uma produção tecnicamente agradável, com bons cortes que contribuem para criar um clima sombrio na floresta. Além do mais, cabanas em florestas são sempre um ambiente propício a pertubações diabólicas em filmes do gênero, o que entra como clichê aqui. O diretor aposta em tomadas mais fechadas, na tentativa de tornar o clima mais sinsitro e opressor, capturando a floresta de forma mais próxima e intimista. Mas não faria nenhum mal alguns cortes a distãncia, para dar uma dimensão melhor do local onde a família estava.

O clima de terror do filme também deve um pouco a trilha sonora, que soube valorizar o elemento surpresa e criou alguns climas interessantes e bem propícios para o jump scare. Mas infelizmente nada disso foi bem aproveitado pela forma como o roteiro se propôs a desenvolver. Sem mencionar que terror com crianças é sempre algo muito bem vindo para o fãs, e mesmo assim não foi suficiente para deixar atrativo os mometnos de tensão, parecendo que forma todos feitos de forma muito superficial. O filme tinha tudo para ser minimamente atrativo, mas se perde no uso repetitivo dos clichês, sem dar a eles uma repaginada necessária.

Pranto Maldito é um filme simples, de baixo orçamento, recheado de limites técnicos, mas que não é o suficiente para torná-lo um filme ruim. O verdadeiro obstáculo da produção é o roteiro mal elaborado. A má vontade em desenvolver e contar algo novo é tamanha que o longa se sustenta totalmente em vários clichês, perdendo a chance de elaborar uma obra diferenciada. O clichê nunca é o problema, mas sim, a preguiça de trabalhar com eles, usando como se fossem fórmulas mágicas de sucesso. Fora as atuações que também deixam a desejar. Tecnicamente o filme tem potencial, mas infelizmente, é desperdiçado com mais do mesmo.

Pranto Maldito está disponível na HBO Max.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura geek. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Fã de ficção científica. Professor de História e fundador do GS.

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