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Crítica: Final Space: 3ª temporada – ★★★★★ (2021)

Como uma jornada espacial bem sucedida, Final Space, encerra a 3° temporada com dignidade e longe da alcunha de “sucessor espiritual de Rick e Morty” (título que ganhou na sua estreia em 2018). Fugindo das piadas ruins e dos clichês de comédia à la Adult Swim, Final Space tem uma ascensão meteórica para um belo drama em animação 2D, com elementos em 3D.

Final Space (@FinalSpace) | Twitter
Reprodução

Depois de entrarem no Espaço Final, a jornada de Gary e seus amigos ganha um ritmo muito diferente das temporadas 1 e 2. Apenas para comparação, enquanto a segunda temporada nos emocionou quando contou sobre os pais de Gary e como a mãe de Gary foi negligente, mas apaixonada; na terceira temporada, acompanhamos o desfecho de alguns personagens queridos, um exemplo de desfecho dramático é o destino de Fox, ou do [spoiler] que fica preso no Espaço Final no último episódio, depois de se sacrificar pela equipe.

Com uma primeira temporada composta de piadas toscas e muita ação, uma segunda temporada sem rumo (mas no caminho certo), a terceira temporada é um deleite para os fãs, mantendo a qualidade da animação, explorando o desenvolvimento dos personagens com maestria e com um ou dois momentos fracos, num total de 13 episódios, os únicos momentos que perdem o ritmo envolvem o personagem Tribone e seu filho (e isso não quer dizer que o tempo de tela do maior revolucionário do universo é desperdiçado, apenas tem um ritmo diferente). E nesse turbilhão de emoções, o episódio que conta o passado de Fox é um dos mais apreensivos, perdendo apenas para o momento em que Avogato e Gatito falam sobre seus passados.

E por seguir um rumo diferente das outras temporadas, com mais momentos sérios e com foco em desenvolvimento narrativo, a terceira temporada é espetacular por unir eventos passados com o presente, mostrando que o trabalho em equipe dos diretores e co-diretores funcionaram bem. Com um nascimento curioso, Final Space, surgiu quando Olan Rogers upou um piloto de Gay Space no youtube, uma animação focada no personagem Gary, mas depois de alguns anos, Conan O’Brien resolveu levar a animação para um nível além do imaginado por Rogers. E desde 2016 o projeto caminhou para sua estreia em 2018 distribuída pela Netflix e pela CW, no bloco Adult Swim, no Brasil, ganhando um público considerável, que garantiu algumas temporadas, garantia esta que reflete nos rumos que a série tomou, abandonando o lado brincalhão e focando nas consequências das ações dos personagens e no drama.

Como nem tudo são rosas, a terceira temporada – até o momento – é a última, mesmo com um gancho no final. Prevista para 6 temporadas, Final Space se despede na terceira temporada. E como uma jogava corajosa dos criadores, nos despedimos de muitos personagens queridos, quase como uma carta de adeus, ou um ponto final.  Lord Commander, finalmente tem seu fim, mas o custo para isto é muito alto e acompanhar todas essas perdas e quase perdas é penoso, em diversos momentos ficamos com aquela sensação de que algo vai salvar o personagem X ou Y, mas isso não acontece. Quando Avogato retorna da morte nas temporadas anteriores, ele deixa essa sementinha de esperança em nós, e na terceira temporada, esta sementinha é destruída, principalmente pelo sacrifício do personagem [spoiler].

Mesmo com um fim prematuro, Final Space vale cada minuto de tela, os primeiros cinco episódios da primeira temporada funcionam como um teste de de dignidade, pois passar por eles é o requisito mínimo para contemplar os episódios que seguem até seu fim. E mesmo surgindo como o primo que sofre com comparações com o primo de sucesso (no caso, Rick e Morty), Final Space se encontra em uma fórmula menos nonsense e mais científica, sendo capaz de abandonar a parte humorística e ainda assim se manter de pé. As três temporadas estão completas na Netflix, com um trabalho de dublagem que usam muitas “gírias de internet”, que pode ser chato às vezes, mas que dão alma aos personagens, principalmente ao Tribone, ao KVN e ao Clarence (no idioma original, Rogers dá voz ao Gary, e por ser um trabalho bem pessoal, sentimos as emoções tanto do Gary, quanto as do Rogers).

E se você gosta de ficção científica e de animação, vale a pena dar uma chance para Final Space.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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Um comentário

  1. Antonio Marcos De Almeida Anciães

    Ter abandonado o humor, que era bem usado na história, foi o grande erro dessa terceira temporada, a pior de todas, com certeza.
    Virou um dramalhão mexicano chatíssimo, com muita apelação, como mortes e conflitos forçados.
    Da temporada toda, só uns três episódios não me deixaram com sono. Dormi na maioria deles.
    Uma decepção, depois das duas primeiras temporadas ótimas .
    Uma pena a série ter se perdido desse jeito.

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