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Crítica: Ninguém Pode Saber ★★☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

Inspirada no livro Pieces of Her de Karin Slaughter, a nova minissérie da Netflix, Ninguém Pode Saber, está fisgando a atenção do público pela sua trama envolvente e cheia de reviravoltas, conquistando espaço no TOP da plataforma. A produção narra a história de Laura e sua filha, Andy, que após presenciarem um crime violento em uma lanchonete, suas vidas viram de cabeça para baixo. O atentado desencadeia uma série de elementos que coloca a vida das duas em risco, obrigando Laura a pedir que sua filha viaje para outro estado a fim de protegê-la.

A medida que Andy cruza os Estados Unidos, ela começa a descobrir segredos obscuros sobre sua mãe e sua família que a colocam ainda mais em risco. A minissérie consegue manter um bom suspense no início, mas começa a tropeçar até se deparar com um desfecho pouco satisfatório. Em um suspense recheado de reviravoltas é difícil manter a linha, e esses problemas acabam surgindo.

O desenvolvimento da trama nos primeiros episódios até que tem um ritmo agradável, conseguindo prender a atenção do espectador, sem exigir grande esforço. No início ficamos intrigados com a facilidade que Laura age diante de um crime violento e sua frieza é bastante marcante, deixando em aberto que poderia existir algo de suspeito em seu passado que ela se esforça para esconder. A trama deixa o espectador no escuro junto de Andy, que começa a investigar os acontecimentos por conta própria, após suspeitar das estranhas reações de sua mãe, e a medida que a personagem vai encontrando novas informações, é jogada uma luz sobre os fatos. Mãe e filha começam a ser perseguidas por uma estranha seita, que parecem ter informações privilegiadas a respeito das duas. E é a partir daí que a trama começa a cometer certos deslizes. O roteiro não consegue sustentar o ambiente de mistério devido ao grande vácuo que fica nos episódios, sendo desperdiçados com cenas descartáveis. Ao optar por esticar a trama, o suspense começa a ser forçado e deixa a experiência muito cansativa, fazendo com que os episódios finais tenham de ser vistos à força, apenas para saber como essa história irá terminar e, sinceramente falando, o final não é tão bom quanto se espera, deixando parecer que a trama se perdeu e não soube como realizar o desfecho.

Em um suspense é vital que os acontecimentos criem uma tensão entre o espectador e os personagens, prendendo a atenção no que está rolando e no que está por vir. Isso acontece nos primeiros episódios, mas de repente a série entrega tudo de uma só vez e fica apenas enrolando para concluir, o que deixa extremamente chato. Forçando subtramas que já não conseguem ganhar nossa atenção, nos deixando na espectativa de o tempo passar e a minissérie acabar de uma vez.

Apesar da trama ser abaixo do esperado, as atuações são boas, mantendo forte o único fio de atenção que ainda pode restar do meio em diante. A série é protagonizada por Toni Collette (de Sexto Sentido e Hereditário) como Laura e Bella Heathcote (de Relíquia Macabra) como sua filha Andy, duas atrizes já conhecidas no gênero, que costumam entregam boas atuações, bem imersivas e envolventes. Na minissérie não é diferente, a atuação das duas consegue prender a atenção do espectador e criar certa empatia com os sentimentos dos personagens. Laura é uma mãe estranha e misteriosa, que tenta proteger a filha de seus segredos, acreditando que isso é o melhor para ela. Enquanto Andy é uma jovem desiludida com o futuro promissor e totalmente distante de toda a verdade por trás de sua vida. Além das duas, temos a versão mais nova de Laura que aparece nos flashbacks, intepretada por Jessica Barden (que atuou em The End of the F***ing World, também da Netflix). No elenco também temos Jacob Scipio como Mike, Omari Hardwick como o padrasto de Andy, Gordon, Joe Dempsie como o misterioso Nick e Gil Birmigham como Charlie. As atuações conseguem desenvolver bem os personagens, mas infelizmente o roteiro se perde do meio em diante, o que faz com que os personagens pareçam menos interessantes a cada episódio, como se arrastassem para tentar ficar os poucos minutos em telas, com diálogos um tanto quanto manjados e enfadonhos.

Visualmente a série tem um grande potencial, com ótimas cenas de paisagens e também cortes bem realizados. Há cenas muito boas que contribuem muito para construir o clima de tensão necessário para um suspense. O jeito como as cenas são conduzidas mantém bem o mistério e prendem a atenção do espectador pela qualidade. A trilha sonora também tem sua parte, embora não seja nada memorável, ela cumpre o básico para criar a tensão. As escolhas técnicas da minissérie são boas e dão uma despistada do roteiro que acaba tropeçando e tornando tudo massante, mas não resolve de fato o problema.

Ninguém Pode Saber tem um ótimo começo, envolvente e misterioso, mas a partir do momento que entrega tudo na hora errada, se esforça muito para conseguir se manter nos trilhos de forma bem arrastada. A minissérie opta por se esticar demais, deixando o desenvolvimento longo e tedioso, que poderia ser resolvido se optasse por uma menor quantidade de episódios, ou até mesmo o formato de filme. Para uma produção que conta com atores já consagrados, a minssérie fica devendo e muito na qualidade, entregando muito menos do que se esperava ou do que foi prometido. Ninguém Pode Saber está disponível na Netflix em 8 episódios de 44 a 50 minutos cada.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura geek. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Fã de ficção científica. Professor de História e fundador do GS.

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