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Crítica: Oxigênio – ★★★★☆ (2021)

Este artigo contém spoiler.

O longa franco-americano, Oxigênio, distribuído pela Netflix, é, sem dúvidas, um dos filmes mais chamativos dessa primeira metade do ano. Eu como um amante de sci-fi, fiquei com aquele gostinho de quero mais, ao mesmo tempo que já estava cheio do filme.

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Estrelado por  Mélanie Laurent (Shosanna de Bastardos Inglórios) e uma câmara de criogenia, Oxigênio é mais uma aposta original do catálogo da Netflix, que segue a fórmula da empresa e esteve no top 10 por alguns dias, merecidamente. Com uma sinopse que afirma a existência da sensação de claustrofobia, cerca de 3/4 do filme se passam nessa câmara de criogenia, onde Elizabeth acorda, e com isso, a proposta do filme é dada ao espectador logo nos primeiros minutos, ficando claro que aquele será o ambiente principal do longa. 

Com tons de azul e branco, algo que deveria remeter a tranquilidade e paz, a câmara é dotada de uma inteligência artificial  que funciona como um assistente pessoal, que conversa com Elizabeth, que se esforça para contrariar a calma e a paz que as cores sugerem. Nos primeiros minutos do filme temos a impressão de que tudo não passa de um tipo de castigo, como em Jogos Mortais, mas aos poucos vamos percebendo que as coisas são bem diferentes – e essas diferenças são a essência do filme. Enquanto Elizabeth conversa com a I.A. somos levados a acreditar que a I.A. é uma pessoa do outro lado controlando tudo, isso serve como uma isca para prender o espectador, que fica especulando possíveis futuros para a personagem dentro do filme.

De repente, o filme tem uma reviravolta com flashbacks de Elizabeth e conexões dela com seu passado. Novamente o espectador é convidado a participar do filme, teorizando eventos do passado dela que poderão definir seu futuro. Até que chegamos ao quarto ato e temos um momento “professor enredo” com a própria Elizabeth contando para ela o que está acontecendo, uma explicação que quebra o ritmo do filme. Então Elizabeth, que ficou tentando fugir da câmara, luta para ficar lá, sendo uma das melhores reviravoltas possíveis.  Esse seria o momento perfeito para o filme acabar.

A atuação da atriz Mélanie Laurent é convincente, mesmo que a sensação de claustrofobia seja pífia (algo que deveria estar mais presente na trama), a I.A. é interessante, uma mistura de  HAL (de 2001- uma Odisséia no Espaço) e Alexia (a assistente virtual da Amazon), mas, isso não é suficiente para fazer do filme uma obra prima do cinema claustrofóbico. Há apenas um fator que garante o suspense: o oxigênio da câmara criogênica -parece obvio, já que o filme se chama Oxigênio, mas, isso é insuficiente, também, já que o indicador de oxigênio deveria ser mais presente no filme para passar a sensação de tempo limite, o que não acontece. E com a I.A. interagindo com Elizabeth, tem momentos que sentimos que alguém está controlando o indicador de oxigênio apenas para assustar Elizabeth. E quando descobrimos tudo que está acontecendo, o filme enfia goela abaixo a urgência de sobrevivência, todo o arco final é apressado e desajeitado, com um final que decepciona, mesclando um gosto de “que bom que acabou” com “quero mais”.

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Os últimos minutos do filme são a parte que não faz falta, Elizabeth se safa da situação, consegue se ajustar dentro da câmara de criogenia para atingir o seu objetivo (objetivo criado por ela mesma antes de “entrar” em criogenia) e termina em um final feliz. Seguindo o pessimismo-otimismo de Interestelar, o filme termina com um final feliz intergaláctico, quebrando toda a construção do primeiro e do segundo arco, a emergente heroína salva a humanidade depois de um despertar acidental, deixando todo o clima de thriller de lado e abraçando um sci-fi espacial com um final bonito, com ar de cliffhanger para uma continuação (que provavelmente não acontecerá).

Oxigênio é um filme que não merece o final que teve. A produção franco-americana parece seguir a cartilha da Netflix: filmes com muitos acontecimentos e reviravoltas, com finais abertos e dezenas de elementos que possam ser explorados no futuro. No final, é um bom filme, algumas reviravoltas são empolgantes, a falta de sensação claustrofóbica é algo que incomoda, mas não se deixe levar por isso e o final, mesmo que feliz, é bem construído, no mínimo, fará com que o espectador fique com água na boca querendo saber mais do universo do filme, dos momentos desde antes a criogenia até o final intergaláctico. 

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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