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Crítica: Better Call Saul – 6ª Temporada ★★★★★ (2022)

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Do spin-off ao estrelato, quiçá, ao título de série principal, assim podemos definir Better Call Saul, a série que ninguém dava nada, até estreias o primeiro episódio, mas que hoje é um dos melhores títulos da Netflix.

Depois do breve hiato causado pela pandemia, dos atrasos devido o acidente de Bob Odenkirk e outros pormenores, a última temporada da série do melhor advogado da ficção chegou ao fim, com um gostinho de quero mais, mas com a sensação de dever cumprido. Com 13 episódios que se dividem em fechar o arco do Lalo, mostrar o “Breaking bad” e encerrar a jornada de Saul, o grand finalle conseguiu seu lugar no hall dos finais bons de séries.

Durante toda a temporada podemos perceber que Vince Gilligan manteve o padrão estético das outras temporadas e de Breaking Bad, mas no último episódio (spoilers) quando Kim (Rhea Seehorn) está sob a mira da justiça, literalmente a personagem é enquadrada sob uma mira, um objeto do cenário serve como mira, tornando a cena algo metafórico e metalinguístico ao mesmo tempo. Brevemente, Kim muda de situação, saindo da mira da justiça enquanto Saul depõe, nesse momento a placa “Exit” enquadra a atriz, novamente balanceando o literal e a metalinguagem na cena.

Essa e outras artimanhas são utilizadas com maestria, como a descoloração nas cenas para mostrar Saul depois de Breaking Bad, facilitando a percepção temporal do espectador. Até mesmo a abertura muda, sendo usado um efeito de fita VHS com defeito. Todas essas mudanças visuais mostram o excelente papel da direção, edição e roteiro. ambos sempre conversando entre si. Essa harmonia é retratada em dois momentos, um que (spoiler) mostra uma senhora ligando para a polícia depois de descobrir quem era o “novo amigo” da família. E outro momento, em que Saul está em um ônibus e os outros passageiros cantam o tema/lema do personagem. Ambos momentos em que o slogan Better Call Saul são ferramentas narrativas e estéticas muito fortes.

Sem deixar os fãs de Breaking Bad órfãos, a série introduz Pinkman e Walter White naturalmente, até melhor do que fez com Gus. A apariçaõ dos personagens da série matriz é apenas uma peça da obra, Better Call Saul não se apoia em Breaking Bad, nem faz questão disso. As primeiras temporadas mostram muito bem como a série não precisa de Breaking Bad, o final só reforça isso, mesmo com toda a carga de Breaking Bad na decisão final da série, Breaking Bad é apenas uma peça naquele jogo.

Estéticamente a série é incrível, mas repete a fórmula de Breaking Bad, muitas cenas com uma câmera parada, com uma parte morta do cenário à frente e os personagens ao fundo. O que não é ruim, mas pode enjoar o espectador mais crítico. A trilha sonora e a falta de som, também repetem Breaking Bad, algumas músicas e trilhas originais são tocadas em momentos chaves, mas o silêncio é bem utilizado nos climax dos diálogos, de modo que o espectador nem percebe que não tem música na cena, dada a tensão que o enquadramento e os cortes criam.

Better Call Saul é uma ótima série, partindo do drama familiar, nas primeiras temporadas, pasando pelo drama profissional e finalizando com o drama pessoal do personagem. A construção das relações e os arcos de fechamentos são divertidos e emocionantes de acompanhar. Cada fechamento de arco é um convite para revisitar Breaking Bad, mas ao mesmo tempo é satisfatório em si.

Sendo uma das melhores séries do catálogo da Netflix, Better Call Saul é uma ótima pedida para os órfãos de Breaking Bad e de outras séries com dramas mais adultos.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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