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Crítica: Contra o Gelo – ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

Entre os desastres cinematográficos que tenho visto recentemente, o recente lançamento da Netflix, Contra o Gelo, está longe disso, pelo contrário, o filme se constrói em uma trama sólida, baseada em fatos históricos um tanto quanto interessantes da Dinamarca e da Groenlândia e entrega um resultado muito satisfatório. A história acompanha o capitão Ejnar Mikkelsen, que parte com sua tripulação em uma missão para refutar a reinvindicação da Groenlândia pelos Estados Unidos e provar que a terra pertence a Dinamarca. Para mim, como professor de história, esta simples descrição e o fato de ser baseado em uma história real, com as devidas liberdades cinematográficas é claro, já é mais do que motivo suficiente para esperar algo de bom no filme.

A forma como a trama é desenvolvida cria um clima de drama interessante, mas também um leve toque de aventura, que torna o filme muito cativante. Acompanhar a jornada dos personagens em terras completamente congeladas e que apresentam diversos perigos é muito intrigante, temos bons momentos que criam uma tensão acerca daquilo que pode vir a acontecer.

O filme se passa no ano de 1909 e conta a trajetória da Expedição Alabama da Dinamarca, liderada pelo capitão Ejnar Mikkelsen, que queriam provar que a teoria Norte Americana sobre a quem pertencia a Groenlândia estava errada. Um fator histórico bem interessante que é muito bem utilizado para dar fundo a trama do longa. O filme obviamente adota liberdades criativas para contar a trama, que foi baseada no diário de Mikkelsen. A adaptação foi feita por Nikolaj Coster-Waldau e  Joe Derrick, com base no livro de memórias de Mikkelsen, Two Against Ice. O capitão Ejnar, junto do inexperiente membro da tripulação, Iver Iversen, deixam a tripulaçao e partem na jornada em busca de respostas. Os dois homens conseguem encontrar a prova necessária de que a Groenlândia é uma ilha, porém o retorno para a Expedição Alabama leva mais tempo e se torna muito mais complicado que o esperado. Os dois companheiros terão de enfrentar diversos obstáculos para chegarem em seu destino, tendo de enfrentar a fome extrema, a fadiga e o ataque surpresa de um urso polar. Após vencerem os desafios, eles conseguem seguir em frente e chegar até o navio, porém as coisas estavam prestes a piorar ainda mais, deixando Ejnar e Iversen em uma situação totalmente inesperada.

O desenrolar da trama tem ótimos momentos, sabendo dosar bem entre os diálogos dos personagens, ressaltando a importância vital que a missão deles significava com o suspense do que poderia acontecer com os dois. Há diálogos bem explicativos, que contribuem para alimentar o conteúdo histórico do filme, um exemplo disso é quando eles descobrem e discutem sobre um automóvel que foi deixado pelos dinamarqueses que estiveram lá antes deles, uma cena muito interessante e que também consegue alinhar com um tom mais cômico. Talvez o que torna o filme um pouco mais cansativo são os atos finais, que mesmo entregando um bom resultado sobre as questões psicológicas que eles enfrentam, como a loucura, ao se encontrarem naquela situação, se estica demais e deixa o desenvolvimento um pouco massante nos minutos finais.

O elenco é bom o suficiente para manter sua antenção e também para criar uma conexão com os personagens e com os acontecimentos que eles enfrentam. O protagonista, Capitão Ejnar Mikkelsen, é vivido por Nikolaj Coster-Waldau, conhecido por interpretar Jaime Lannister em Game of Thrones, que tem ótimas expressões e soube muito bem incorporar o personagem histórico e herói da Dinamarca. Seus dilemas psicológicos são bem construídos, principalmente sua inquestionável vontade de atingir o objetivo da missão, deixando o personagem carismático e intrigante. O inexperiente companheiro de Ejnar, Iver Iversen, é interpretado por Joe Cole, que também entrega um ótimo personagem, muito carismático, servindo como uma espécie de alívio cômico e, principalmente, como uma âncora para as emoções de Ejnar. O restante do elenco é composto por Charles Dance, como Neergaard, Heida Reed como Naja, Þorsteinn Bachmann como Amdrup, Gísli Örn Garðarsson como Jörgensen, Sam Redford vive Laub, Nick Jameson é Holm, Ed Speleers como Bessel e Frankie Wilson interpreta Unger. De forma geral, as atuações são boas e contribuem para tornar a trama interessante, embora o foco maior seja na dupla Ejnar e Iver.

A fotografia do filme é extremamente imersiva, entregando paisagens deslumbrantes que vão sendo conduzidas com maestria nas cenas. A experiência visual do filme é, sem dúvida, um acerto enorme e consegue transmitir a riqueza dos ambientes da Groenlândia. É impossível não se impressionar com as cenas que exploram as paisagens. A direção do longa está nas mãos de Peter Flinth, que tem o roteiro escrito por Nikolaj Coster-Waldau e Joe Derrick, que tomam como base a inacreditável história real de Ejnar Mikkelsen. A produção é de Baltasar Kormákur.

Contra o Gelo é um filme com acontecimentos históricos que vão te surpreender pela qualidade narrativa e visual. O filme tem um bom desenvolvimento da trama, embora se enrole um pouco para resolver os atos finais, com cenas que poderiam ter sido cortadas, ou reduzidas para não cansar o espectador, que anseia por um desfecho após acompanhar a dura jornada do protagonista. Se você gosta de histórias de exploração, e o principal, que são baseadas em fatos históricos, este pode ser um ótimo filme para assistir e aprender. Contra o Gelo está disponível na Netflix e possui 1h42 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura geek. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Fã de ficção científica. Professor de História e fundador do GS.

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