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Análise: Backbone– ★★★★☆ (2021)

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Backbone, jogo indie da desenvolvedora Eggnut e publicado pela Raw Fury, é uma mistura de Neo-noir e adventure, onde você controla o solitário e melancólico Howard Lotor, um guaxinim que ganha a vida como detetive particular, resolvendo desde casos de infidelidades, até mesmo conspirações que envolvem a alta classe, o governo e cientistas.

Backbone é bem diferente do usual em histórias de detetives, pois sua trama sempre caminha para caminhos distantes da trama inicial. Claramente influenciado pelo cinema Noir e principalmente o Neo-Noir, cinema que ganhou fama com histórias como Chinatown, Thief e Drive, seu início é claramente inspirado no filme já citado de Polanski, mas ao contrário de se passar em Manhattan, a história se passa numa distópica Vancouver. Você recebe a proposta de uma esposa confusa, que acredita que seu marido anda traindo ela. Após algumas horas de investigação você se depara com um acontecimento que pode mudar as estruturas da cidade.

 

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Falar sobre a trama é algo perigoso, é muito fácil entrar em spoilers, o que se pode falar é, sua história surpreende, seja pela trama Noir complexa, onde tanto personagens quanto jogador acabam se perdendo, seja pela inusitada mistura de elementos, passando de Lynch até mesmo ficção científica, o jogo é capaz de prender o jogador unicamente pela sua identidade e fascínio nas suas aproximadamente cinco horas de jogo.

Falando no fascínio, ele talvez seja um dos jogos indies mais bonitos, sua mistura de elementos 2D com 3D extremamente lindos, com uma direção de arte que cria cenários extremamente vivos, trilha sonora soturna e surpreendente, se mesclam e fazem cada parte da cidade não só ter identidade própria, mas cumprem o papel de criar sensações de se andar por ambientes urbanos tão destoantes, seja pelo charme e elegância de Granville, ou pela suja e decadente West End, bairro dos trabalhadores de baixa renda.

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Backbone vai muito além de um adventure lindo e de trama complexa, seus personagens são carismáticos, como Reene, escritora e repórter que está investigando um caso com sua ajuda, ou Clarissa, dona do Bar The Bite e única herdeira da sua família, após todos os membros serem assassinados. Entre diálogos extremamente divertidos e melancólicos, o jogador vai conhecer a vida e ambições de cada personagem em tela, seja pelas ambições, atitudes, nenhum personagem é preto e branco, mas todos, assim como Howard, tem seus problemas a lidar.

A escolha de criar animais antropomorfizados não é à toa, o jogo cria comentários políticos não só sobre a classe dos personagens, mas sobre suas próprias espécies e os espaço que podem ocupar. Leões e gorilas são vistos como animais de sangue azul, ocupando espaços luxuosos, criando narrativas hegemônicas sobre seus espaços, enquanto lontras, cachorros e guaxinins ocupam o que resta. O mundo de Backbone é sobre muitas coisas, mas nem sempre tão bem explorado.

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Por mais que o jogo seja extremamente poderoso em sua narrativa, o final não vai agradar a todos, o acontecimento que surge pode ser um tanto quanto aberto, mas a própria Eggnut já disse estar trabalhando em uma continuação, porém ainda assim, os momentos finais não só diferem da trama como um todo, como também soam extremamente abrupto, parece que o jogo simplesmente acabou em sua metade, e como o jogo veio de uma campanha de financiamento do Kickstarter, pode ser que por motivos financeiros eles tiveram que acabar o projeto no meio, sendo que o próprio jogo cria um cliffhanger.

Talvez o final não possa agradar todo mundo, e uns pequenos bugs incomodem alguns, mas definitivamente Backbone merece ser jogado pelo menos uma vez, principalmente pelos amantes de Adventures e histórias de detetives. Sua identidade única, trilha sonora assombrosa e roteiro inteligente o torna uma obra quase indispensável. Ele está disponível em todas as plataformas além do Game Pass.

Sobre Matheus Henrique

Amante do cinema, jogos e literatura, buscando estudar e aprender sobre o que ama e assim trilhar o caminho de crítico. Escrevo algumas coisas no Letterboxd e Instagram de vez em nunca. Letterboxd: https://letterboxd.com/Matatheusx/

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