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Análise: Resident Evil Village – ★★★★★ (2021)

(Reprodução)

Quando falamos em Resident Evil, dois sentimentos sempre vem a tona: empolgação e dúvida. Não é novidade para ninguém que a franquia é a predecessora de um gênero muito importante na história dos jogos e que, ao longo dos anos, se reinventou de forma a nem sempre agradar os fãs, mas que sempre tentou trazer elementos novos, mesclando o gênero ao qual teve sua origem, o survival horror. Em Resident Evil Village temos o ápice das mudanças na franquia, a começar pela incrível narrativa que o jogo se arrisca a contar, até então muito diferente do que já vimos nos outros jogos. Embora o jogo mantenha-se apoiado naquilo que inovou no seu antecessor, aqui temos uma história de fato empolgante, com elementos dignos de uma obra cinematográfica. No 8° capítulo da saga, acompanhamos Ethan em sua jornada para salvar sua filha de um sinistro culto em uma vila na Europa. As primeiras cenas do jogo já são impactantes, mostrando Chris invadindo a casa de Ethan e assassinando de forma cruel a sua esposa, Mia. Um começo que deixa qualquer um intrigado para o que virá a seguir. A história consegue se desenvolver de forma agradável e, pela primeira vez na série, temos motivações muito mais aceitáveis que apenas uma jornada do herói básica que deve no final salvar o mundo de uma grande infecção, adicionando um elemento mais humano e intimista, que deixa tudo muito mais interessante.

Se fizermos um rápido resumo da história dos jogos da franquia do 1 ao 6, podemos dizer que tudo se resume a salvar o mundo e explodir o vilão no final. Mas em Resident Evil Village temos o que de fato pode ser o começo de uma nova maneira de contar as histórias da franquia, focando em algo mais crível, com uma narrativa cheia de mistérios e reviravoltas que vão deixar você com os cabelos em pé. As histórias de Resident Evil são conhecidas por conter elementos bizzaros e malucos, sem grande compromisso com o realismo, em Village não é diferente, mas se destaca por conter uma trama intrigante que, graças a grande reviravolta, pode se tornar surpreendente para os fãs. O jogo tem uma maneira muito interessante de contar a sua história, além dos textos encontrados que nos ajudam a entender melhor os acontecimentos, o próprio cenário transmite um pouco da história do jogo, tornando as explorações muito agradáveis e fluídas. Para jogar Village, não é necessário ter jogado a franquia completa ou os remakes e até mesmo o seu antecessor, Resident Evil 7, que é resumido nas primeiras cenas do jogo, ajudando o jogador a se introduzir na jornada de Ethan de forma mais natural.

Uma das mudanças mais questionáveis que o jogo já passou é a troca da mecânica principal de 3ª pessoa para 1ª pessoa. Em Resident Evil 7, por ser o início desta mudança, o jogo era travado e pouco fluido, com trechos em que a morte pode ser ocasionada pela falta de precisão nos controles. Já em Village a mecânica de 1ª pessoa é aprimorada e ganha maior fluidez, tornando a jogatina muito mais tranquila e agradável, sem grandes momentos de estresse devido aos movimentos duros de Ethan. O jogo também acrescenta, de forma interessante, elementos de ação que fazem o jogo fluir, sem deixar de lado a tensão e terror que consagrou a franquia. Temos também o retorno de elementos que foram visto lá em Resident Evil 4, como a administração do inventário e o comerciante, que aqui tem um papel muito mais crucial na história do que apenas vender itens. E temos de mencionar a variedade de inimigos que foi muito bem dosada em Village, tornando a experiência muito mais imersiva. Há também um resgate de características de inimigos como Mister X e Nemesis, como perseguir o personagem pelo cenário enquanto faz a exploração e sua invencibilidade, que é o caso da Lady Dimitrescu. Há alguns problemas na jogabilidade, mas nada que torne a experiência ruim ou desagradável.

É impossível falar da parte sonora do jogo sem mencionar que Village é o primeiro jogo da franquia a ser totalmente localizado para PT-BR, tornando a experiência sensacional, graças ao incrível trabalho da dublagem, que está de fato excelente. Ethan se tornou um personagem muito mais carismático neste jogo, reagindo de forma muito orgânica aos elementos e acontecimentos do cenário, sem parecer um doido varrido que fala sozinho como é o caso do Geraldão em The Witcher 3. As reações de Ethan são bem dosadas e ajudam a criar a sensação de tensão em cada parte do jogo, como quando ele respira de forma mais ofegante certos momentos ou questiona aquilo que vê a medida que avançamos a história. Até mesmo os seus diálogos com os outros personagens estão melhores do que o seu antecessor. As músicas do jogo não são um grande destaque, apenas contribuem para criar o clima necessário nos ambientes. A parte gráfica do jogo teve um grande avanço com relação ao anterior, principalmente nos consoles de nova geração, graças aos novos recursos. Mas em alguns momentos é possível ver certos problemas com relação as texturas, principalmente na água do jogo, que chega a ser rídiculo o quão tosco ela é. O jogo contou com atores que realizaram a captura de movimento para diversas cenas, inclusive sendo agraciado com o prêmio de Melhor Performance para Maggie Robertson no TGA 2021.

Resident Evil Village é uma experiência inovadora e extremamente empolgante para os fãs da franquia, não apenas os mais antigos, como também os mais novos, que não conhecem nada da série e podem se divertir com a jogatina. Por mais que o jogo seja indicado para a nova geração, você não irá se frustar se jogá-lo nos consoles mais antigos se, claro, compreender as limitações do aparelho e não exigir dele o que não é capaz de oferecer. Com uma história imersiva e um desfecho pra lá de intrigante, Village pode se consagrar como o retorno épico desta franquia, que tem passado por certos momentos duvidosos nos seus últimos títulos. Seja você fã ou apenas um curioso, Resident Evil Village sem dúvida merece o seu tempo, levando cerca de 10 horas na sua campanha principal, além dos diversos desafios e do retorno do modo Mercenários para te prender por mais algumas horas no universo do jogo.

Resident Evil Village está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura geek. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Fã de ficção científica. Professor de História e fundador do GS.

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